terça-feira, 29 de setembro de 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS - A minha ida para a Escola Primária

A MINHA IDA PARA A ESCOLA PRIMÁRIA

Antes de completar os sete anos, idade obrigatória para se ir para a escola oficial, minha mãe
mandou-me para a “escola paga”. A “escola paga” era uma espécie de pré-escolar, onde as crianças aprendiam as primeiras letras. Aí sob a orientação da Dª Inês, aprendíamos a escrever em ardósias, a soletrar as primeiras palavras, de forma que, quando ingressássemos na oficial, já íamos instruídos. Grande Senhora foi a Dª Inês, de seu nome completo Inês Faria Ramos, se não estou em erro.. Muito educada, com sentido de responsabilidade, ela ensinava as letras, mas também ensinava as crianças na sua educação. Falta a Alvalade, render homenagem póstuma a esta grande Senhora. A “ escola paga” também era conhecida pela “escola da Dª Inês” e funcionava na Rua de Lisboa. Pagava-se vinte e cinco tostões por semana, mas por vezes a Dª Inês fechava os olhos àqueles que por dificuldades económicas o não podiam fazer. A meio da manhã e a meio da tarde, havia o recreio, e quando o mesmo acontecia, aí iam os miúdos Rua de Lisboa abaixo, até ao Serro do Moinho. Aí brincava-se ao “apanhar”, faziam-se as necessidades fisiológicas, porque, casas de banho não as haviam. Eu ficava na casa de minha tia, meia-irmã de minha mãe.
Quando comecei a ir para a escola primária, de principio ia a pé, pela linha-férrea, e sozinho. Para mim que era um medricas, nem sei como conseguia percorrer os 5 km que distanciavam da sede da freguesia. O receio era enorme, mas lá me fui habituando. Mais tarde, a minha mãe decidiu que seria melhor, pernoitar em Alvalade, na casa da minha tia. E assim foi durante uns anos. Dormia na casa de minha tia e ia jantar numa hospedaria, que era duma senhora chamada Júlia Ramusga ( Peixeira).
Mais tarde compraram-me uma bicicleta a pedal e comecei a ir e vir do” monte” para a escola de bicicleta.

A PRIMEIRA PROFESSORA
Mas aos sete anos, entrei na escola primária. Lembro-me que logo pela manhã, no “monte”, a minha mãe acordou-me, lavou-me e vestiu-me para ir para a escola. Como a mesma tinha o seu início às nove horas, tive que me levantar por volta das sete horas, o que só por si fez com que em nada me agradasse a ideia. Ter que me levantar cedo todos os dias? Fosse de Inverno, com a geada a deixar os campos todos branquinhos, como se tivesse nevado, ou em dias de chuva, ou já no verão sob um sol escaldante. E lá fui para a escola, onde ingressei na 1ª classe. Foi minha primeira professora a Dª Maria Luísa Madeira, natural de Alvalade e que tinha fama de boa professora. Como já vinha preparado da escola paga da Dª Inês, não me foi difícil a aprendizagem e mostrei ser um bom aluno. Passei então a ficar todos os dias na Vila, em casa de minha tia, evitando assim a caminhada de cinco quilómetros que me separavam do monte. As aulas duravam todo dia, das 9 horas ao meio dia e das 13 h às 17 horas. Tanto de manhã como de tarde, havia um intervalo a meio de cada período.
A Dª Maria Luísa Madeira, tinha e ainda tem felizmente uma irmã, a quem ainda há poucos dias saudei. Uma grande amiga, e também muito amiga de Alvalade. Foi grato falar com ela há dias e ouvir da sua boca aquilo que deseja para Alvalade. Se conseguir arranjar força e ânimo, ainda darei o meu contributo para que a sua ideia seja realidade. Por enquanto é segredo.
Mas tive outras professoras, uma das quais não consigo lembrar-me o nome, sei que era casada com ferroviário e morava na estação da Cp.
Lembro-me que o nome era qualquer coisa com o apelido de Barreto. Foi minha professora na segunda classe e na mesma sala dava aulas aos “matulões” da quarta classe. Depois na terceira classe e na quarta classe foi minha professora uma senhora dos Foros de Vale de Lobo, Dª Maria Antónia Peixeiro. Não sei se estas duas últimas são vivas, nem onde residem caso isso se verifique.Eu entendo que os nossos professores ao longo dos anos, principalmente os da instrução primária, deveria ser alvo de homenagem. Mas… um homem sozinho não pode nada!

Sem comentários:

Enviar um comentário