terça-feira, 1 de setembro de 2009

AS FEIRAS DE ALVALADE

Eram assim passados os dias que antecediam as duas feiras anuais da vila – a de Abril, a mais antiga e a Feira Nova de Julho. Nas vésperas destas feiras era espantoso ver passar pela herdade rebanhos e rebanhos de ovelhas e cabras, manadas de vacas, que eram levados à feira para serem negociados. Logo bem cedo o badalar dos chocalhos, os maiorais assobiando, os cães a ladrarem faziam-nos sentir num ambiente que só o Alentejo desses tempos o permitia. O progresso, com tudo acabou!
Os dias que antecediam as feiras eram dias de grande azáfama. Não se falava noutra coisa senão nos grandes dias da feira. Pensavam-se e compunham-se os trajes que cada qual, segundo as suas posses deveria “estrear” nos dias de feira. Eu no meio daquele entusiasmo todo, diariamente perguntava aos trabalhadores da herdade, que moravam na Vila:
- Já lá está o carrossel?
- E o circo?
E eles, lá me iam informando:
Sim já chegou o carrossel Vieira que tem curvas valentes – e o circo Cardinal entrou ontem pela rua do Posto e foi uma carga de trabalhos! (dada a inexistência da ponte dos arcos, a entrada da Vila era feita pela Rua do Posto)
E, no dia da feira, no 1º dia, porque ambas duravam 2 dias, era ver passar grupos e grupos de gente, vindos dos Foros de Vale Lobo, uns a pé outros em carroças. Poder-se-ia dizer que a feira se estendia pelos campos, pelas herdades, tal o entusiasmo que se verificava.
Logo de manhã, minha mãe, dava-me o banho, no alguidar grande de zinco e vestia-me a rigor. E depois de tomado o cavalo, o Morgado – um animal cinzento, lindo, que se havia comprado por intermédio do Zé Rato – lá seguíamos na carrinha, a caminho da Vila, para a feira

(continua)



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