sexta-feira, 22 de novembro de 2019

DESDE 2014 ---SILENCIO----ATÉ HOJE NOVEMBRO 2019~

VOU TENTAR CONTINUAR NOS PROXIMOS DIAS

domingo, 7 de setembro de 2014

RECORDANDO…

A IDA À VILA (1)

Reconheço, que a ideia que norteou a criação desta página pessoal, ou seja o descrever das minhas memórias, acabou por sofrer uma interrupção, não propositada, mas de que a azáfama do dia a dia aliada ao excesso de trabalho de que não consigo desligar-me,  foram os principais motivos que a tal conduziram.
É que, pensava eu, uma vez aposentado, iria ter todo o tempo livre, para pôr em prática vários projetos, entre os quais descrever as minhas memórias, para um dia, os meus entes queridos e amigos, delas tivessem conhecimento. e rebuscassem aqui, algo que lhes interessasse.
Só que, as coisas não correram tal como eu desejava. A ligação que já detinha profissionalmente à causa da ação social, continuou até aos dias de hoje, agora de forma voluntária,  cada vez com mais intensidade.
O tempo, que com o avançar da idade , parece fugir-nos debaixo dos pés, naturalmente continua a ser muito pouco, para o tanto tanto, que há ainda por fazer. E, procurar na memória que já começa a atraiçoar-me, factos dos tempos idos, não é tarefa fácil.
E, se hoje estou a tentar rebuscar mais algumas recordações da minha vida, isso deve-se ao facto tão simples que consiste apenas nisto; ao ver e ouvir um programa televisivo, a RTP Memória, vieram-me ao de cima algumas recordações que contribuíram para que eu voltasse às minhas próprias  memórias.
E voltando aos meus tempos de criança, sempre ligado ao “monte” dos Almargens, veio-me à ideia o que se passava quando minha mãe anunciava : “amanhã vamos à Vila”.

E a ida de minha mãe à Vila (Alvalade) prendia-se com a necessidade de renovação, de  géneros alimentares e outros necessários ao dia a dia duma herdade afastada uma légua dos meios de comercialização e de produção. Havia a necessidade de ir à mercearia, que era ao mesmo tempo a loja de artefactos necessários à confecção do vestuário, bem como armazém de outros produtos necessários a quem tinha a sua vida diária, em pleno campo.

segunda-feira, 17 de março de 2014

terça-feira, 27 de agosto de 2013

NOS 70 ANOS DA CASA do POVO de ALVALADE - 1943-2013


A minha vida e a Casa do Povo (1)


Quando no inicio da década de 60, com os meus 12 anos de idade, visitei na companhia do meu protetor – lavrador da herdade dos Almargens, o edifício da sede da Casa do Povo de Alvalade, então em construção, estava longe de pensar que parte da minha vida futura estaria ligada a esta instituição. De facto, a partir daí comecei a nutrir pela mesma, uma ligação que se viria a fomentar mais intensa, quando em 1976, ingressei no quadro de pessoal da Casa do Povo de Alvalade. Vivia-se nesses tempos forte movimentação resultante do regime instaurado em 25 de Abril de 1974. As Casas do povo, foram criadas por Salazar e após a revolução eram vistas com grande desconfiança e animosidade. Muitos dos seus dirigentes haviam sido afastados, uns por ligação ao regime ditatorial, outros acusados disso, embora em muitos dos casos tal não se verificasse. Mas a onda saneadora não poupava ninguém, dirigentes e até trabalhadores. Foi assim que muitas se viram sem funcionários e como tal houve que admitir novos trabalhadores. Encontrava-me então a exercer atividade profissional no Arsenal do Alfeite, em Almada, quando pessoa amiga me informou da existência de concurso para novos funcionários da Casa do Povo. Inscrevi-me, na então Junta Central das Casas do Povo e fui presente a concurso de admissão ao lugar de escriturário. As provas foram efetuadas no próprio edifício da instituição e, de entre vários concorrentes fiquei classificado em primeiro lugar, tendo iniciado as atividades em Dezembro de 1976, com vinte e oito anos de idade. Como atrás referi, ser funcionário da instituição, nesses tempos, constituía uma aventura e uma grande incerteza. Mas, lá consegui singrar . Nessa altura a vida da Casa do povo, resumia-se ao serviço de secretaria, no âmbito de regime especial de previdência dos trabalhadores rurais. Atividades socioculturais também. Com a minha juventude, rapidamente me embrenhei na vida associativa. Após algum tempo, foi criado o Grupo de Acão Cultural, constituído por alguns jovens Alvaladenses, que desenvolviam atividades culturais e recreativas. Lembro-me que uma das primeiras iniciativas foi  a realização de um concerto musical, com a Banda da Força Aérea. Devido à recente revolução dos cravos as forças armadas granjeavam o carinho e a admiração das populações, pelo que este facto constituiu um enorme êxito. Curiosamente a grandeza da banda obrigou a que o pequeno palco do salão de festas fosse prolongado até metade da sala, para poder acomodar todos os executantes. Refiro este facto, como uma das primeiras, senão a primeira atividade cultural realizada após a minha admissão na instituição. O que não quer dizer que a seguir ao 25 de Abril de 1974, Alvalade não tivesse assistido a outras realizações de grande valor. Recordo ainda a primeira festa do trabalhador realizada no então “quintal da Rosarinha” como lhe chamávamos e cujo primeiro impulsionador, foi o saudoso  Domingos de Carvalho.

O Grupo de Acão Cultural, iniciou pois a sua atividade na Casa do Povo, organizando um grupo de teatro , cujo primeiro trabalho foi a representação da peça de Alfonso Sartre “A morte no bairro”.

Mais tarde, sob a influência do então pároco padre José Martins Salgueiro, os jovens Alvaladenses começaram a granjear interesse pela história de Alvalade e foi por iniciativa daquele padre que um grupo de jovens entre os quais me incluía, se deslocaram a Lisboa, à Torre do Tombo, a fim  de observarem o original do Foral de Alvalade. E, pode afirmar-se que, graças ao clérigo que nos acompanhava, tivemos nas nossas mãos o secular LIVRO dos FORAIS NOVOS, que se encontrava guardado na casa forte daquele arquivo histórico. Grandes momentos, hoje infelizmente desvalorizados, mas que confirmam a existência em Alvalade ao longo dos últimos anos de pessoas empenhadas no estudo e pesquisa da nossa realidade histórica. E, posso afirmar que a todas estas atividades esteve sempre ligada a Casa do Povo de Alvalade.
(continua)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A MINHA ENTRADA NO MUNDO DO TRABALHO - 2


Em certa altura passei a acompanhar na minha condição de aprendiz, um operário chamado Moreira, que era natural de Montes Juntos – Alandroal, mas que há anos vivia no Laranjeiro, aos navios da marinha de guerra.

 Para quem não conhece o Arsenal do Alfeite, são os estaleiros navais que dão apoio na manutenção dos navios da nossa armada. O Moreira ia varias vezes ao navios ancorados, para proceder a reparações, muitas vezes relacionadas com as bombas de agua. Agradou-me e jamais esquecerei as “visitas” que ambos fazíamos a bordo do navio – escola Sagres.
Mais tarde, fui transferido para uma outra secção onde aperfeiçoei os meus conhecimentos, embora mantendo a categoria profissional de operário. Tratava-se da Secção de Normalização e Classificação de Materiais. Aí desenhavam-se peças que depois seriam fabricadas nas oficinas, estudavam-se as NEP ( normas portuguesas). Era um trabalho mais aliciante, longe do ruído da maquinaria e naturalmente mais higiénico. Lembro-me que a secção era chefiada por um engenheiro cujo nome não recordo e por um funcionário administrativo cujo nome era Costa. O Costa era um amigo e camarada, e através dele me iniciei na vida político-partidária . Primeiramente no MDP/CDE e depois quando este Movimento passou a partido politico, inscrevi-me no Partido Comunista Português durante algum tempo. O Costa estava sempre disponível para transmitir-me os ensinamentos de que necessitava. Estudava à noite em Lisboa, na Faculdade de Economia E, ficou-me gravado o dia em que pela manhã no inicio da jornada diária de trabalho, o Costa entrou na secção, depois de ter realizado  as provas de exame na Faculdade, que lhe concederam a licenciatura naquela área.
Na secção éramos cerca de dez funcionários e nessa manhã, perfilados logo que o Costa entrou dissemos em uníssono:
- Bom dia senhor Doutor!
E o Costa respondeu de forma agressiva, nada satisfeito com o título académico a que tinha direito:

- Senhor Doutor o c….
Era assim o grande companheiro e ao mesmo tempo bom camarada - o Costa!
Foi ele quem politicamente me instruiu, quem projectou mais longe os meus escassos conhecimentos da realidade que do mundo actual, onde uns têm tudo e outros quase nada! A minha eterna gratidão ao grande amigo e companheiro de ideologia, o Costa!



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A MINHA ENTRADA NO MUNDO DO TRABALHO - 1




Quando terminei o curso industrial, ou mais concretamente o curso de formação de electromecânico, no principio dos anos 60, na Escola Industrial e Comercial de Beja, rumei para Almada, onde por intermédio de um familiar que já partiu, ingressei no Arsenal do Alfeite, como aprendiz de serralheiro mecânico.

Nunca concordei com a situação de “aprendiz”, dado que no curso industrial, tal como nos demais cursos ministrados nas antigas Escolas Técnicas, a aprendizagem era exemplar. Nas oficinas colocadas à disposição dos “aprendizes” nada faltava para que se formassem bons profissionais. E, depois de três anos de curso, custa um pouco ingressar no mundo do trabalho com a profissão de “aprendiz” . E se pensarmos que esta categoria era distribuída por aprendiz de 3ª, aprendiz de 2ª e aprendiz de 1ª, maior será a nossa repulsa.

Pois fui admitido como aprendiz de 3ª classe, com o vencimento mensal de 802$00. Tinha na ocasião 17 anos de idade. Outra particularidade que em muito ajudava os jovens aprendizes, é que, com um horário das 8 horas às 15 horas, quando os demais operários iam até às 17 horas. A razão consistia no facto dos jovens estudarem reunindo assim conhecimentos teóricos que aliados aos conhecimentos práticos faziam deles, na generalidade bons profissionais.

No meu caso, saía como tal às 15 horas, e percorria o caminho que me levava do Portão da Romeiras, passando pela Cova da Piedade e subindo depois até, Almada,  à urbanização sobranceira à Lisnave onde residiam os meus familiares que me acolheram em sua casa. Teria pois o tempo suficiente para estudar, preparando-me para, após o jantar, iniciar as aulas na então Escola Industrial e Comercial Emídio Navarro, até às 23 horas.

Ingressei pois naquele estabelecimento de ensino, no 1º ano da Secção Preparatória ao Instituto Indusdrial.Aí permaneci até  a minha ida para o serviço militar obrigatório. Entretanto porque os meus familiares decidiram  adquirir casa própria, passei a residir, primeiramente, junto ao monte do Cristo Rei e mais tarde em dois quartos alugados, perto desse local.

No Arsenal, onde fui como frisei admitido como aprendiz de serralheiro mecânico, na oficia de ferramentas, tive o primeiro contacto com o mundo do trabalho um tanto ou quanto penoso para mim. Como serralheiro mecânico passava todo o horário de trabalho, numa bancada, na frente de um torno, onde se reparava de tudo o que fosse ferramentas de trabalho. A oficina não era grande, mas dava trabalho a cerca de 30 operários, chefiados por dois “mestres”, cijos nomes se a memória não me falha eram Campos e Manuel ? que conhecíamos por “nini”. Eram boas pessoas, embora contactassem com os operários apenas o necessário. De resto permaneciam num gabinete, de dentro do qual, através de uma vidraça seguiam toda a vida da oficina.

Já não consigo recordar-me dos meus colegas de trabalho. Mas lembro-me que na minha frente na bancada, um operário de idade avançada, se entretinha a falar comigo, sobre os mais variados aspectos. Devido a isso, muitas vezes tanto um como o outro eram chamados à razão pois com a conversa esquecíamos o trabalho.

Na oficina, muitos dos trabalhadores viam em mim, o filho de um qualquer agrário alentejano. Embora constantemente os informasse que provinha de trabalhadores agrícolas, quase não acreditavam, pois eles sabiam que as classes rurais tinham dificuldades em darem estudos aos filhos. Atrevo-me até, a afirmar, que por vezes e a principio devem ter pensado que teria ali sido colocado, para ouvir as suas conversas e comentários nada favoráveis ao regime. Levou muito tempo até se convencerem de que tal não correspondia à verdade. Tive e conheci ali grandes amigos. Provavelmente poucos serão vivos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


A propósito de JOSÉ RAPOSO NOBRE

Isto de escrever as nossas memórias, por vezes não é tarefa fácil. Se a principio assim parece, depois as ideias vão-se dissipando e a muito custo, vem ao de cima.

Mas por vezes basta que alguém recorde factos passados para imediatamente se fazer luz e as recordações virem ao de cima.

Isto a propósito do artigo colocado mo “Alvalade.info” administrado pelo conterrâneo e amigo Luís Pedro Ramos, a propósito do grande homem  que durante a vida contribuiu e continua a contribuir com o seu esforço e trabalho, para o desenvolvimento de Alvalade. Refiro-me ao José Raposo Nobre, grande amigo, que tive o grato prazer de acompanhar na vida pública, quase logo a seguir ao 25 de Abril. Anteriormente a esta data libertadora, recordo igualmente o José Nobre, principalmente na sua actividade de empregado de comercio, no estabelecimento comercial dos Sr Inácio Cabrita Cortes, um dos mais importantes da Vila de Alvalade, situado onde hoje se encontra o café “ O  Sitio Certo”.

Mas depois de procurar factos passados, dou por mim a recordar o nosso José Raposo Nobre, na sua condição de autarca. Lembro-me que as reuniões da Câmara eram à sexta-feira e eu, jovem de vinte e alguns anos, desenvolvia actividade na força politica onde militava e continuo a militar – o PCP, embora nesses tempos numa forma de grande actividade. Pertencia então à Comissão Concelhia e as reuniões deste órgão eram igualmente à sexta-feira. Assim, eu aproveitava a “boleia” do José Nobre e chegados a Santiago ele entrava na Câmara e eu ia para a “prisão”. E quando digo isto espero que o admitam como brincadeira, mas a Sede do PCP nessa altura era no antigo estabelecimento prisional de Santiago do Cacém, já na altura desactivado e hoje albergando um dos melhores museus concelhios nacionais.

Ambos íamos para reuniões que em lados opostos da Praça do Município, terminavam madrugada fora. E, numa das ocasiões, não sei bem porque motivo, o Sr. Nobre, talvez com o cérebro saturado dos enormes problemas autárquicos com que se debatia a Câmara Municipal, ou então por ver as portas e janelas da antiga prisão fechadas, deduziu que a minha reunião já teria terminado e eu já tivesse regressado (não haviam telemóveis), veio para Alvalade, deixando-me em Santiago.

Valeu-me então, a boa vontade do jovem amigo  José Pereira, de São Bartolomeu da Serra, hoje Director Financeiro da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, que me veio trazer a Alvalade, na sua viatura.

Esta uma das muitas peripécias que preencheram a minha vida de jovem, como a de tantos outros que se empenharam com a força da sua juventude para que fossem criadas melhores condições de vida para as populações . Só que nesta, tive a felicidade de a viver na companhia dum grande Homem, que ainda hoje comigo colabora na vida institucional. Que seja por muitos anos, bom amigo José Raposo Nobre.