A propósito
de JOSÉ RAPOSO NOBRE
Isto de escrever as
nossas memórias, por vezes não é tarefa fácil. Se a principio assim parece,
depois as ideias vão-se dissipando e a muito custo, vem ao de cima.
Mas por vezes basta que
alguém recorde factos passados para imediatamente se fazer luz e as recordações
virem ao de cima.
Isto a propósito do
artigo colocado mo “Alvalade.info” administrado pelo conterrâneo e amigo Luís
Pedro Ramos, a propósito do grande homem
que durante a vida contribuiu e continua a contribuir com o seu esforço
e trabalho, para o desenvolvimento de Alvalade. Refiro-me ao José Raposo Nobre,
grande amigo, que tive o grato prazer de acompanhar na vida pública, quase logo
a seguir ao 25 de Abril. Anteriormente a esta data libertadora, recordo igualmente
o José Nobre, principalmente na sua actividade de empregado de comercio, no
estabelecimento comercial dos Sr Inácio Cabrita Cortes, um dos mais importantes
da Vila de Alvalade, situado onde hoje se encontra o café “ O Sitio Certo”.
Mas depois de procurar
factos passados, dou por mim a recordar o nosso José Raposo Nobre, na sua
condição de autarca. Lembro-me que as reuniões da Câmara eram à sexta-feira e
eu, jovem de vinte e alguns anos, desenvolvia actividade na força politica onde
militava e continuo a militar – o PCP, embora nesses tempos numa forma de
grande actividade. Pertencia então à Comissão Concelhia e as reuniões deste
órgão eram igualmente à sexta-feira. Assim, eu aproveitava a “boleia” do José
Nobre e chegados a Santiago ele entrava na Câmara e eu ia para a “prisão”. E
quando digo isto espero que o admitam como brincadeira, mas a Sede do PCP nessa
altura era no antigo estabelecimento prisional de Santiago do Cacém, já na
altura desactivado e hoje albergando um dos melhores museus concelhios
nacionais.
Ambos íamos para
reuniões que em lados opostos da Praça do Município, terminavam madrugada fora.
E, numa das ocasiões, não sei bem porque motivo, o Sr. Nobre, talvez com o
cérebro saturado dos enormes problemas autárquicos com que se debatia a Câmara
Municipal, ou então por ver as portas e janelas da antiga prisão fechadas, deduziu
que a minha reunião já teria terminado e eu já tivesse regressado (não haviam
telemóveis), veio para Alvalade, deixando-me em Santiago.
Valeu-me então, a boa
vontade do jovem amigo José Pereira, de
São Bartolomeu da Serra, hoje Director Financeiro da Câmara Municipal de
Santiago do Cacém, que me veio trazer a Alvalade, na sua viatura.
Esta uma das muitas
peripécias que preencheram a minha vida de jovem, como a de tantos outros que
se empenharam com a força da sua juventude para que fossem criadas melhores
condições de vida para as populações . Só que nesta, tive a felicidade de a
viver na companhia dum grande Homem, que ainda hoje comigo colabora na vida
institucional. Que seja por muitos anos, bom amigo José Raposo Nobre.
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