domingo, 15 de janeiro de 2012

AS NOSSAS TRADIÇÕES -As Janeiras - Os contratos de Páscoa


Já aqui mencionei uma das tradições que muito me marcaram na infância – o cante das janeiras .  Hoje em Alvalade e anualmente por minha iniciativa e com a participação dos meus queridos utentes do Centro de Dia, alguns já com muitas dificuldades de mobilidade, sai um grupo à rua entoando não as janeiras, mas sim os Reis. A melodia de um e outro cante é idêntica, apenas é alterada a letra.
O meu desejo e daqui faço um apelo aos que se dedicam inteiramente à educação das crianças, sejam os pais e familiares. sejam os professores, para que   incentivem os vossos educandos a que participem nestas actividades tradicionais. Se tal acontecesse não se perderiam estes valores, porque a tradição é a memória dum povo  e cabe-nos a todos contribuir com o nosso empenho para que muitas das tradições não se extingam por completo. Continuo a pensar que a escola seria de certeza o melhor percurso da vida para que estas memórias continuassem a existir.
Vejamos as actividades que felizmente algumas escolas promovem e que tem este fim. Lembremo-nos do Carnaval, com os cortejos trapalhões que se realizam um pouco por todo o lado. Um tanto abasileirado, não sendo difícil incluir quadros tradicionais portugueses nestas iniciativas. Cito como exemplo a Dança de Carnaval, ou como também lhe chamam a Dança das fitas. O Centro de Dia de Alvalade realizou esta actividade durante alguns anos, mas dado que a sua execução é extremamente difícil para pessoas com idade avançada, certamente os jovens conseguiriam ( e estamos certos) com agrado, ensaiarem e apresentarem esta tradição carnavalesca.
Na Páscoa, tenho sempre presente os Contratos de Páscoa. E não tenho dúvidas de que os nossos jovens sensibilizados muito gostariam de participar em mais esta tradição.

Os “Contratos de Páscoa”

é uma das tradições alvaladenses, de que se fala, mas que infelizmente deixou de existir. Se houvesse possibilidade de sensibilizar os nossos jovens para o retomar desta tradição, seria importante. Mas não só os nossos jovens. As pessoas adultas poderão igualmente participar neste tipo de iniciativa, que certamente daria nova motivação à população, neste momento absorvida pelas dificuldades que nos são impostas e que tendem a contribuir para que se fique parado no tempo sem expectativas nem anseios.
O contrato era efectuado entre duas pessoas e em jogo estava um pacote de amêndoas ( antigamente as amêndoas eram vendidas a peso ).
No momento do Contrato os dois contraentes,  davam as mãos direitas dizendo:
“ Contrato, Contrato, Contrato fazemos – No dia de Páscoa oferecemos”.
Estava então celebrado o contrato verbal.
No dia de Páscoa, os dois contraentes tentavam encontrar-se. Corriam as ruas, escondiam-se . O primeiro que avistasse o outro, dizia-lhe – “Oferece e Reza”
E estavam ganhas as amêndoas, combinadas no dia da efectivação do Contrato.
Tornava-se interessante, ver pessoas, jovens e adultas, praticarem um autêntico jogo do “esconde e aparece”.
Seria muito interessante , que, na próxima Páscoa esta nossa tradição fosse relembrada e praticada. Porque não?




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