sexta-feira, 13 de novembro de 2009

AS MINHAS MEMÓRIAS - minha espingardinha

A MINHA ESPINGARDINHA

Gostaria de descrever aqui o momento que foi, a minha ultima conversa com o Toino. Posteriormente eu parti para a guerra colonial na Guiné e durante a minha ausência ele partiu. Foi aí, junto à fonte do Valverde, a cerca de três quilómetros de Alvalade, que ele me disse e hoje não existem testemunhas do facto, que a “espingardinha” estava na posse de um familiar e que se eu quisesse a levava comigo naquele preciso momento. Recusei, dizendo que quando regressasse da guerra ele ma daria. Mal sabia eu que isso jamais aconteceria. A “espingardinha” tem história e para que se compreenda, vou tentar resumir a mesma. Na casa do Toino – lavrador – havia uma espingarda de dois canos e cartuchos de 9 milímetros. Essa espingarda havia pertencido a um seu irmão, já falecido, chamado Luís. Foi por isso mesmo, que o meu padrinho, sobrinho do Toino, com o consentimento de minha madrinha resolveram que eu me chamasse Luís. O Toino dizia sempre que aquela espingarda – “a espingardinha” me pertencia. Quis o destino que nunca tivesse ficado com mais essa recordação do Toino. Onde anda a espingardinha?
O Toino está sepultado no cemitério de Alvalade, na rua principal do mesmo, numa campa ornamentada com gradeamento de ferro. A manutenção dessa sepultura tem estado sempre a meu cargo e era meu desejo que depois de mim, os meus sucessores o continuassem a fazer. Esta a minha HOMENAGEM a essa figura muito querida e que jamais poderei esquecer – O Toino – António Alvalade, de seu nome.

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