domingo, 9 de janeiro de 2011

AS MINHAS MEMÓRIAS - 4 - Vida Militar - O Galho

CRÓNICAS DA VIDA MILITAR (4)



O GALHO
A vida militar foi de facto uma parte importante da vida de qualquer jovem, durante os anos da guerra colonial. Essa vivência deixou em nós marcas muito importantes e difíceis de esquecer, ou que jamais serão esquecidas. Muitas pessoas quando ouvem relatos dessa época, não dão importância aos factos e é assim que esta fase das nossas vidas é sistematicamente ignorada principalmente pela classe politica. Cabe-nos a nós antigos combatentes, não deixar cair no esquecimento os factos que marcaram o país, durante 13 anos, e que resultaram na morte de milhares de jovens, outros milhares de estropiados e vitimas do stress de guerra.

A vida dos jovens nos anos 60 e princípios de 70, foi terrivelmente marcada pela guerra colonial.

A tortura começava logo, na fase de incorporação e a seguir a instrução, que se resumia a preparar a “carne para canhão”. A instrução militar pautava-se por exerc+icios físicos extremamente difíceis, acompanhado por elevadas doses de acção psicológica, cujo fim mais não era que tornar justificável o que não tinha justificação: a guerra.

Um dos exerc+icios que nos incutia terror era sem sombra de dúvida o famoso “galho”. A partir de uma plataforma a vários metros do solo, o instruendo, deveria lançar-se e atingir um galho pendente de um poste a uma distância considerável. Se o instruendo tivesse o infortúnio de não conseguir atingir o “galho” a queda seria desastrosa e levava muitas vezes ao hospital. Mas, o terror do “galho” dissipava-se a partir do primeiro salto, se o mesmo fosse bem sucedido. Partir daí, tudo era mais fácil.

Mas temível era igualmente o pórtico, para além de outros exercícios difíceis de concretizar. A instrução pretendia criar nos jovens o espírito de revolta por isso eram humilhados constantemente durante a instrução militar.

Noutras crónicas irei relatando factos relacionados com esta fase da minha vida. Não colocando de parte outros episódios doutras fases da minha vida e desde que a memória me permita, relatar.

1 comentário:

  1. Pois é verdade ! A primeira e ultima vez que o tentei fazer fui malhar a enfermaria. Quanto ao p,ortico nunca o fiz por recusa, o resto foram dois anos e uns pós em Moçambique (sempre no mato) Um Abraço J.Rodrigo

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