sábado, 14 de maio de 2011

PASSADO RECENTE-A mimnha Peregrinação a Pé a Fatima-2003 --1

 
















A MINHA PEREGRINAÇÃO A FÁTIMA, A PÉ (1)


Hoje, noite de 12 para 13 de Maio de 2011, resolvi transmitir aqui, algo de que nunca falei e que se prende com a peregrinação a pé, que fiz em 2003, desde a minha Vila – Alvalade, até Fátima.

Em 2002, enquanto decorriam as obras, muito atribuladas, da construção do novo Centro de Dia de Alvalade, em determinado momento e face aos inúmeros problemas que diariamente se deparavam aos dirigentes da Casa do Povo de Alvalade, relacionados com a construção, em plena obra, encontrando-me acompanhado da senhora presidente do Conselho Fiscal, Dª Maria Regina Ferreira Borges, momentaneamente exaltei-me e gritei : “se me vejo livre disto, eu vou a pé a Fátima”, ao que a referida senhora, batendo-me no ombro disse “ e eu vou consigo”! Claro que foi um desabafo, pois sabendo as dificuldades que tal acto acarretava, talvez tivesse pensado mais um pouco.

Passou-se o ano de 2002 e em 2003, aproximava-se o momento da conclusão desta obra que veio engrandecer Alvalade e os alvaladenses. Por intermédio de alguém, tive conhecimento de que a partir de Alcácer do Sal, se estava a planear uma ida a Fátima a pé. Assim que me foi possível, desloquei-me àquela localidade e falei com o Pároco, (creio padre Silveira) senhor já muito idoso , e que ao tempo em que escrevo esta crónica já partiu de entre nós. A partir dele fui colocado em contacto com duas senhoras, uma a gerente do restaurante Boa Viagem (Dª Isabel)e na Câmara de Grândola(Arq. Maria João), principais organizadoras da caminhada. Imensamente simpáticas logo me inscreveram e deram pormenores sobre a “aventura”.

Regressado a Alvalade, contactei o pároco, padre Paulo do Carmo, a quem coloquei ao corrente das minhas intenções, tendo o cuidado de referir que não o faria para pagamento de qualquer promessa, dado que para mim, esse tipo de promessas constituíam chantagem.
O pároco na primeira oportunidade deve ter referido o facto e logo de imediato, se me juntaram, mais cinco senhoras, entre as quais a já citada presidente do Conselho Fiscal da Casa do Povo, Regina Borges. As restantes foram – Graça Mateus, Mariana Loução, Maria José Aires, Mariana Lima, Eugénia Godinho e naturalmente eu Luís Silva. No carro de apoio, acompanhou-nos o marido de Dª Regina, Arnaldo Borges, igualmente dirigente da instituição. Foi este o primeiro grupo de peregrinos a pé a Fátima, a partir da freguesia de Alvalade-Alentejo.

Como tínhamos de nos juntar aos peregrinos de Alcácer do Sal, daí a dias, e já quase em Fátima a um grupo de mais de 800 peregrinos da Arquidiocese de Évora, tivemos que partir de Alvalade alguns dias antes. A partida, foi feita da Praça D. Manuel I, depois de, em cerimónia religiosa, na Matriz, os bordões de peregrinos que nos iriam acompanhar, terem sido benzidos pelo pároco, o qual nos ofereceu a todos um rosário que nos acompanhou.
A partida, na Praça, foi pelas 2 horas da tarde, debaixo de uma temperatura nada animadora e acompanhada de muitas pessoas que solidárias quiseram dizer adeus e desejar-nos felicidades, acompanhando-nos muitas até à Mimosa.

Esta primeira etapa seria de poucos quilómetros, até à aldeia de Azinheira de Barros, onde ficaríamos sob a guarida do Centro de Dia, sendo um dos dirigentes o senhor António Ruas, hoje presidente da Junta de Freguesia daquela localidade. Apesar de ser pequena a distância, quando o grupo chegou à fonte de Ermidas , já era visível o cansaço. Após breve descanso rumámos a Azinheira de Barros, onde após a chegada fomos confortados com um banho refrescante e um jantar maravilhoso. Após a dormida, nos sacos cama, no salão de convívio, no dia seguinte, pelas seis horas da manhã, após o pequeno almoço, rumámos a Grândola, cerca de 15 quilómetros. Aí chegados fomos alojados nas instalações da Santa Casa da Misericórdia, colocadas a disposição do grupo pelo senhor Provedor Horácio Carvalho, que depois do jantar, nos acompanhou na recitação do terço.

Igreja de N. S. dos Mártires - Alcácer do Sal
Terceiro dia , percurso entre Grândola e Alcácer do Sal. Durante o caminho a chuva, em pequena quantidade veio fazer-nos companhia. Também aqui valeu-nos a Santa Casa da Misericórdia que nos alimentou e deu alojamento. No quarto dia foi de descanso e preparação para as diversas etapas, até Fátima. No quinto dia, foi a partida de Alcácer do Sal, na companhia de mais cerca de 50 peregrinos de todas as idades. Foi emotiva esta partida. Feita a partir da Igreja da Senhora dos Milagres, (local por onde segundo se diz, passavam os peregrinos que do sul, se deslocavam a Santiago de Compostela), após cerimónia religiosa, na qual para alem dos párocos de Alcácer, se encontrava igualmente o pároco de Alvalade.

Seguimos então pela estrada que conduz a Lisboa e mais adiante, seguimos em direcção da localidade de Casebres ou mais propriamente de S. Martinho de Casebres, onde ficámos alojados no edifício do Centro de Saúde local. Numa dependência os homens, em sacos cama, noutra as mulheres. Instalações sanitárias eram escassas, pelo que muitos optavam por se servirem do ambiente da natureza, para as necessidades. Além disso, era noite e o escuro ajudava. Foi então que aconteceu o primeiro episódio que contribuiu para a boa disposição do grupo e que merece ser relatado.

Em Casebres, como na maioria das localidades do interior, a falta de assistência médica, era (e é infelizmente, cada vez mais) notória. Pelo que para terem consulta, os habitantes tinham de ir para a porta do Posto Médico, a fim de conseguirem atendimento, bastante cedo, neste caso, pelas 5 horas da manhã. Uma senhora já idosa, assim fez e aí vai ela a caminho da porta do Posto Médico, a fim de conseguir a consulta. Só que nessa altura, uma das peregrinas resolveu sair do edifício a fim de fazer uma “visita” à natureza e assim satisfazer as suas necessidades fisiológicas.

Quando abriu a porta do exterior, em camisa de dormir, a anciã que esperava cá fora, desconhecendo que o edifício estava ocupado pelo peregrinos, desatou a correr e a gritar, que estavam a assaltar o Posto Médico. Com o alvoroço, outros peregrinos acordaram e juntamente com alguns vizinhos, conseguiram acalmar a senhora, contando-lhe a situação. Naturalmente que nesse dia, a alvorada foi mais cedo.

E, após o pequeno almoço, o grupo retomou o caminho, até Canha, passando por Vendas Novas.

(Continua) --

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