A ÉPOCA DAS CEIFAS
Gostaria de falar mais um pouco sobre as recordações que tenho do tempo das ceifas. Era de facto um período de grande azáfama. As ceifas do trigo eram feitas por grupos de homens e mulheres contratados no Algarve. Durante cerca de um mês, à volta de Junho ou Julho, aqueles seres humanos viviam como autênticos escravos. Trabalhavam de sol a sol, isto é, desde o nascer do sol, até que o mesmo se pusesse, desaparecendo no poente. À noite, era servido o jantar na rua do monte e quase sempre constituído por sopa de pão com toicinho frito. Depois, lá se aconchegavam na “aramada” onde dormiam os animais, estendidos em cima de sacos de pano. Os molhos de trigo eram então carregados em carros de mulas, para a eira. Aí iam sendo amontoados em “medas”, aguardando a chegada da debulhadora. E passado algum tempo era a chegada da debulhadora. Uma maquina enorme, puxada por um tractor. Começava então a debulha do cereal, o qual ia sendo depositado nos celeiros.
Mais tarde, seria encaminhado cereal para a empresa compradora a Sapec, através do caminho de ferro.
Outro cereal ficava de reserva, a fim de ser enviado para a moagem, na Vila e aí ser transformado em farinha que iria abastecer a casa agrícola durante o ano.
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