Ingressei no exército, em Junho de 1969, tendo sido incorporado, no então CISMI (Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria), em Tavira. Curiosamente, na gíria militar, aquela unidade era apelidada por – CISMI – Centenas de Indivíduos Sacrificados Martirizados inocentemente.
Embarquei em Alvalade, no comboio “foguete” que por aqui passava pela madrugada, com destino ao Algarve. Cheguei como muitos outros, às portas de quartel, antes do nascer do sol e aí nos juntámos aguardando que os portões se abrissem.
Lembro-me, que entre nós, estava um jovem, igualmente à civil, com o cabelo um tanto crescido, ao contrário dos restantes, com o mesmo cortado a pente zero. E, então, um de nós acercou-se dele e disse-lhe” Oh militar, esse cabelinho não está grande demais?” O outro não lhe respondeu. Por fim lá se abriram os portões e de imediato fomos convidados a formar na parada. Quando tal aconteceu e chegados os oficiais, para nosso espanto, e terror daquele que havia chamado a atenção do que tinha o cabelo crescido, deparámos com um tenente, de varinha na mão, que berrava com todos, ordenava castigos corporais. Foi o primeiro contacto com a acção psicológica que havia fazer parte dos dias seguintes. O tal tenente, tinha fama nas guerras de África, pelas torturas que aplicava nos indígenas. Curiosamente não me lembro o seu nome. mas tudo me parece que era o famigerado tenente Robles, conhecido também pelo Trotil. Quando se acercou de mim, apontando-me a varinha ao peito disse-me: donde é que você é? E eu respondi, eu sou de Alvalade-Sado. Prontamente, aquela besta fascista gritou: onde é que fica essa merda?
Esta foi a recepção. Não só a mim, como aos restantes, que constituíam mais uma remessa de “carne para canhão”.
A recruta em Tavira foi o pior que nos poderia acontecer. A alvorada às seis da manhã. A formatura logo de seguida e depois do pequeno almoço ( agua com café) a ordem unida do costume, no campo da Atalaia. Exercícios físicos duros, preparavam-nos para África. O “galho”, “pórtico”, o rastejar pelo pó e pela lama das salinas, faziam de nós, não pessoas humanas mas sim autênticos animais .
Os dois meses e tal da recruta depressa se passaram. Após esta fase, deram-me a profissão de “mecânico auto”, eu que nem sabia o que era a vela de um motor. Mas a atribuição de especialidades não deixava de ter a sua graça. Por exemplo a um aspirante das finanças deram-lhe a especialidade de enfermeiro ( o meu querido amigo furriel Pais).
Investido naquelas funções – mecânico auto – guia de marcha para Sacavém, afim de aprender a lidar com os motores das viaturas. Nada se aprendia claro! Passávamos os dias entretidos à volta de um motor de viatura e no fim do curso eis que somos promovidos a cabos-milicianos do serviço de material e enviados para os CICA’s – Centros de Instrução Auto, a fim de tirarmos a carta de condução. Outra anedota: - em quinze dias estávamos aptos a conduzir viaturas ligeiras e pesadas. A mim calhou-me o CICA de Elvas, instalado no aquartelamento ali existente. Lembro-me que à chegada ao quartel, ficámos horrorizados pois as camas que nos foram atribuídas estavam pejadas de percevejos. Claro que, com muito sacrifício conseguimos juntar-nos e alugamos quartos na cidade. A instrução era-nos dada por um antigo colega meu, da Escola Industrial de Beja, com o posto de furriel miliciano. Como disse bastaram 15 dias para nos porem na mão a “carta verde”.
Lembro-me do exame de condução. Asneiras sobre asneiras. A mim calhou-me não acertar com a saída do aquartelamento. Após várias “marchas atráz” lá consegui enfiar o camião no portão da muralha.
Depois, novamente para Sacavém, onde nos foram atribuídas as unidades militaresnde iríamos prestar serviço da nossa especialidade – “mecânicos auto”
A mim saiu-me na sorte a Escola Prática de Artilharia em Vendas Novas. E digo sorte porque foi aí que tive os meus melhores tempos de serviço militar.
(continua)
Caro camarada
ResponderEliminarEste Sr. Tenenente Robles, em 1969, foi o Comandante da 15ª Companhia de comandos na Guiné.
Companhia de triste memória pois como tropa especial deichou muito a desejar, em pouco tempo ficou inoperacional e foi fazer guarda de honra para o Palácio do Governador em Bissau.
O Capitão Robles foi destituido do comando da Companhia e veio para a Metropole castigado.
Como vez, estes Senhores foram bons foi na guerra da catana, mas a Guiné era outra coisa.
Tambem estive em Vendas Novas na E.P.A. em 1968, e fiquei no GI a dar instrução até ser mobilizado.
Um abraço
Mário Pinto
ex- Fur. Mil. Art.
Cart. 2519
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EliminarSr.Luis Martins Silva,estou usar a conta Google do meu sobrinho e faço-o porque sinto repulsa pelas mentiras que conta...e como fiquei farto de confrontos com os"turras"não quero confrontos verbais com ninguém...sinto tristeza por ler na sua história tantas mentiras numa tão curta narrativa...saiba que também passei pela E.P.A(escola prática de artilharia)como Alferes na especialidade de campanha,fui instrutor de tiro no G.I(grupo de instrução)Lembra-se do polígno,se é que lá esteve?!...
ResponderEliminarPS: Por favor reponha a verdade.
Sr.Luis,se está tão informado e revoltado pelo que segundo deixa entender os Portugueses fizeram no Ultramar aos"inocentes"dos guerrilheiros,porque não deixa aqui expressa a sua revolta contra o criminoso(esse sim)Mário Soares fazia para incentivar os guerrilheiros a mutilar e matar camaradas nossos,através de comentários de incentivo nas rádios Africanas e através de ajuda aos E.U.A, no fornecimentos de informações políticas e de armas aos guerrilheiros(para sim vitimas)com o fim financiar o seu PS,partido que na altura nem simpatia tinha dos outros partidos Europeus?!...
ResponderEliminarPS:Não escreva mentiras,nem fale do que desconhece!...
Rola sagrenta uma bola no chão de Angola.. Tugas estupidos de merda, escravizam o povo Africano,roubam-lhes as terras e ainda chamam racistas aos pretos.. E a culpa da violencia animalesca do exército portugues, Salazaristas de merda, é tudo culpa do Mario Soares... enfim é Portugal no seu melhor..
ResponderEliminarBem eles são tão pacíficos k depois de saírem de os tugas tiveram 35 anos de paz! Pois toda a gente sabe incluindo aqui o Miguel que o Agostinho Neto e o Jonas sabinvi juntaram esforços e Angola viveu feliz para sempre! Aliás eles ainda hoje são felizes! È só mandar embora os maus. Os portugueses! Gente burra mais k quantas ó Miguel
ResponderEliminarEu estive recruta jan. Marc foi pior momento da minha vida
ResponderEliminarSr. Mário Pinto, o senhor é um mentiroso porque o tenente Robles (até porque era tenente e não capitão) nunca comandou a 15ª CC da Guiné. O comandante era o capitão Garcia Lopes e o tenente Robles era apenas seu adjunto. Robles veio para Lisboa não por ter sido castigado, mas sim por entretanto ter saído a sua promoção a capitão. Se tivesse sido castigado não lhe teriam dado o comando de uma companhia de comandos em Angola pouco tempo depois. Mais informações aqui: http://ultramar.terraweb.biz/RMA_FernandoAugustoColacoLealRobles_BreveResenhaCastrense.htm
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