O navio Carvalho Araújo, que me "transportou" para a Guiné |
A vida militar, roubou-me anos à vida. Não só a mim, como a muitos milhares de jovens, que como eu passaram pela guerra de África
Entendo descrever aqui alguns episódios, uns tristes outros mais alegres. Infelizmente no nosso País, poucos são aqueles que pertencem ao poder, que fazem questão de lembrar essa época, preferindo recordar episódios filmados da guerra do Vietname.
E isso é demonstrado pela forma como o Estado, desprezou tantos, daqueles que de lá vieram, com problemas do foro psicológico, o chamado stress pós traumático de guerra. Veja-se muitos dos nossos médicos, quando lhes falamos dos nossos problemas, aliados às vivências passadas no interior das antigas colónias. A grande parte, parece não ligarem, ou então ignoram pura e simplesmente. Mas, não são apenas os ex-militares que ainda hoje sofrem de pesadelos constantes que lhes alteram a forma de viver. Igualmente as suas esposas, muitas delas, continuam a carregar com o pesadelo da guerra.
As nossas escolas? Ignoram pura e simplesmente essa faceta triste da nossa história. Os nossos jovens, não “ligam” a essas experiências pelas quais, o “cotas” passaram. Quando deveria ser a escola, um dos meios colocados á disposição dos jovens para lhes falar destes tempos, que ninguém quer que se repitam.
Os meios de comunicação social, principalmente a televisão, encorajam a nossa juventude, a incorporarem-se no exército. Muitas vezes à falta de empregos. São as fileiras, a única solução para aqueles e aquelas que desejam um emprego. Depois de lá estarem, vêm as ofertas e os convites para “missões de paz” no estrangeiro. A troco de muitos euros, os nossos jovens partem, muitas vezes sem a certeza do regresso.
Assim, Portugal, continua a ter um papel bélico, não comparável ao que teve nos tempos da ditadura, mas sim, com características próprias e sob a ideia da defesa da paz.
Enfim, os que vão para essas guerras, vão de forma voluntária e oxalá as suas motivações sejam conseguidas, que vão e regressem com vida e saúde, é só o que poderemos desejar.
Tentarei descrever aqui, diversos episódios da minha vida militar. Não o faço por vaidade ou orgulho pessoal. Faço-o para que, não fiquem em branco as páginas relacionadas como alguns anos da minha vida, da minha juventude. Ao mesmo tempo darei assim a conhecer, principalmente aos mais novos, uma parte daquilo que lhes deveria ser transmitido pelos sucessivos governos do período pós-25 de Abril de 1974
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