Gostaria, até porque estamos na quadra natalícia, de relembrar, como era o Natal da minha infância, bem como as datas a ele ligadas
O Natal da minha meninice, arrepia! E porquê? Porque vivia-se uma época de grande carestia, de muita fome e nada que se comparasse com aquilo que hoje se passa, em que apesar da crise, o consumismo continua a sobrepor-se a todas as situações de carência. Nesses tempos, a quadra natalícia era quase que ignorada, comparada com aquilo que hoje se passa. Amealhava-se uns cobres para, no dia de Natal se “estrear “ uma ou outra peça de vestuário. Outros, não se poderiam certamente dar a esses luxos. No dia de Natal, por vezes, quem vivia nas herdades, ia à capoeira, matava uma galinha ou um frango e o rancho era melhorado. Aliás, hoje é banal comer-se frango ou galinha, nos tempos antigos só se comiam em dias de festa, ou quando alguém estava doente. Doces? Que me lembre algumas famílias lá conseguiam uns ovos e faziam as fatias de ovos - pão em fatia, passado pela gema do ovo batido e colocado depois na frigideira. Seguidamente era polvilhado com açúcar, e era uma verdadeira delicia, acompanhado por café bem quente, feito na chocolateira de barro, na lareira. Na casa do lavrador, por vezes lá se faziam as filhoses, o que impregnava o ar, daquele cheiro característico a fritos.
Prendas no sapatinho???
Quando acontecia, nalgumas famílias, as crianças contentavam-se com duas ou três bolachas Maria, com uns figos secos ou umas bolotas numa “enfieira”. Noutras com algumas posses, apareciam as sombrinhas e os Pais Natal de chocolate. Geralmente nesse dia não se trabalhava nas herdades. Aliás as datas ligadas à religião eram, duma forma geral tidas em consideração pelos proprietários e lavradores, talvez por temor aos castigos divinos. Os trabalhadores, esses tinham que cumprir o feriado, embora não recebessem qualquer vencimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário