Por vezes a meio da noite, os cães ladravam muito , sinal de que gente estranha por ali andaria. Então o Toino, sem fazer ruído, para não me acordar, saía em roupa interior para a rua, armado da espingarda, a fim de efectuar a sua ronda. O pior era, quando eu acordava e não o via na cama – o medo tomava conta de mim – quem me dizia que, encontrando-se o Toino na rua, os ladrões não aproveitariam a sua ausência para entrarem em casa? E aí o choro irrompia terminando apenas, quando a sua presença se concretizava.
Lembro-me ainda de que, em certa ocasião, sempre às sextas-feiras, roubavam porcos no monte. O esquisito é que era sempre as sextas feiras. O mistério pairava no ar e todos se questionavam quem seriam os ladrões, que tinham todo o tempo, para nas “ quartelhas”, local distante do monte uns 300 metros, onde ficavam os porcos, retirarem os mesmos, carregá-los, sem que se ouvisse quaisquer barulhos ou motores a trabalharem. Possivelmente, os ladroes levavam-nos para um local ermo e distante e aí seriam então carregados para a camioneta. A GNR foi informada, faziam rondas segundo diziam, mas nunca se soube quem eram os larápios. .
Certa vez, minha mãe, acompanhada pela mulher do ovelheiro, passaram já noite fechada junto às quartelhas dos porcos e minha mãe viu dois vultos em cima duma árvore. Para não assustar a companheira que sofria de coração, calou-se e quando chegou ao “ monte”, pegou numa espingarda e aí vai ela, sozinha, determinada a estoirar os miolos a quem estivesse em cima da árvore. Felizmente já lá não estavam, pois caso contrário, minha mãe estaria sujeita a passar o resto dos seus dias numa prisão.
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